quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Moda e representação em produto musical

Artigo previamente publicado na edição de 24 de maio de 2007 do jornal Diário de Cuiabá. Por não estar disponível on-line, eis a bagaça.

Ainda que o termo ‘tribo’ não seja utilizado tão eloqüentemente quanto há cerca de cinco anos atrás, não há como distanciar discurso e guarda-roupa quando a pauta é um produto musical visualmente explicitado. Exemplos claros moram na representação visual das décadas do último século, cada uma muito bem difundida em suas simbologias estéticas e vestuário, inclusive para denotação dos diferentes discursos político-culturais das mesmas. Do romance libidinoso da década de 20, com suas silhuetas afinadas e longas cigarrilhas dignas de cabarés franceses, até o naturalismo floreado ou a ambigüidade sexual da década de 70, expoentes musicais carregavam no corpo o discurso de uma geração.

Fácil de rememorar, ainda hoje podemos claramente definir o conteúdo musical proposto por um grupo ou artista apenas através da leitura de uma fotografia de divulgação exposta em mídia especializada, por exemplo. Em conjunto com outras simbologias estéticas como tons de cores, cenário escolhido, acessórios musicais e design sobreposto à imagem fotográfica, o figurino completa a mensagem introdutória e auxilia no contato com público-alvo. Em palco ou apresentação ao vivo o mesmo ocorre, ainda que aliado à performance e ao efetivo musical proposto.

Revisitar símbolos e arquétipos difundidos no passado e montá-los, criando discursos inovadores, faz parte da temática atual. Vivemos o tempo da efemeridade e do excesso de informação em decorrência das facilidades na difusão de comunicação on-line. O público se torna um leitor sagaz que se desdobra para entender e apreciar tais discursos inovadores, e o artista um jogador, mais do que nunca, criando referências que se façam duradouras e materializadas, ainda que não saibamos concretamente quais são os discursos desta nova geração.

A moda cada vez mais abusa desse jogo, trabalha a efemeridade mercadologicamente como todo bom expoente produtivo e tudo se faz válido para a criação de personagens com discursos direcionados. Para além de análises no campo do marketing, e partindo do mesmo em seus diferentes formatos e aplicações, o universo do vestuário brinca e troca com o universo musical e não é de hoje que ora é vestido por ele através de criações que desembocam nas passarelas e lojas, ora o veste, criando um diálogo interminável e se tornando elemento base para a identidade do produto musical.

3 comentários:

Emanuel Vitor disse...

Boa análise e corelações... Na linguagem teatral o figurino trabalha com elementos, características semelhantes,sempre como um elo comunicativo / informativo, de estados, sentidos, emoções, posturas... Na música a coisa ganha um cunho mais mercadólógico, que também é ótimo, produtivo. Aqui você fala de representação visual, mas não deixa de ter suas ligações com o trabalho de construção de figurinos, que também gosto muito de observar, nas criações teatrais, que é a minha área. Bjocas! ;)

Anônimo disse...

O ponto de partida é uma ironia para com a estratégia de marketing que Jacobs e sua empresa usou para demarcar o posicionamento da marca. Foi uma sacada genial de aceitação e negação da moda em si. UAU! Ah! Gareth Pugh é o novo hype, e enquanto ele estiver sob este título ficará famoso pelas suas criações, conceitos, mas vender que é bom...

Anônimo disse...

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