segunda-feira, 19 de novembro de 2007

prêt-à-porter independente.

Em semana de Goiânia Noise, segue abaixo primeira colaboração padamística para a revista Outra Coisa. Recém lançada, a nova edição da revista comemora o festival e a cena pequizeira.

daniel belleza pelas lentes de renato reis.


Dois palcos bem montados em uma arena capaz de abrigar mais de dez mil pessoas, praça de alimentação e espaço para representações culturais das mais diversas. A quinta edição do Festival Calango em Cuiabá deu continuidade à proposta nascida em 2005 de uma “cidade das artes” que compreende representações em literatura, audiovisual, artes plásticas e, com tenda específica nesta edição mais recente, moda. Com menos de um ano de trabalho em cima da potencialização de uma grife local com produção voltada a dialogar com o mercado independente de música nacional, juntei cinco janelas do MSN Messenger e em poucos minutos tínhamos definidos os expositores e a produção de um espaço de dez metros quadrados.

Foram necessárias três araras abarrotadas de roupas e sobretudo camisetas (em tempos de web 2.0 e download virtual de música, camisetas de bandas saem mais do que cedês das banquinhas de distribuição) e duas instalações suspensas para fotos e desenhos, além de revistoteca, chill-out e mesa central para as oficinas ministradas para que a tenda ganhasse alguma cara de modista cuiabana. A nata do que se pode designar como teen-cool e new rave da capital mato-grossense (sim, nós temos mis-en-scéne blasé) circulava pelo espaço desfilando as novidades dos brechós centrais. Alguns participavam das oficinas enquanto bandas paulistanas e mineiras se deliciavam com pincéis e tinta ou com a estética exuberante de algumas garotas na tenda.

Pode até parecer avessa a movimentação em todo o restante da arena do festival em questão, mas não fiquemos apenas em impressões contrárias. Nos palcos, desfilavam figurinos minuciosamente pensados a comporem discursos cênicos diversos; desde os uniformes cinzas da curitibana Terminal Guadalupe ao exagero brilhante e sadomasoquista de Daniel Belleza e os Corações em Fúria. Laya Lopes, d’O Quarto das Cinzas, garantiu seu acessório de palco na tenda minutos antes do show e a cuiabana Macaco Bong aproveitou o endorse e sequer precisou se preocupar com a escolha de figurino em meio à corrida produção do festival, já que a criadora da marca estava de prontidão.

Em meio a discussões acerca do tema “indie” em circuito fora do eixo, a promoções e visibilidade de projetos e produtos fonográficos nacionais, principalmente, o discurso estético da imagem vendida para além da sonoridade aplicada ocupa ainda pouco espaço em conjunto com o vestuário. E numa busca por trocas no mercado alternativo e auto-gestor, surgem possibilidades várias de produções e fomento a uma criação de moda também alternativa que, acima de tudo, detém poder sobre o maior meio de comunicação de uma banda: a estética visual da mesma. E brinca com ela, sem pudores. Vivendo e consumindo uma cultura imagética desde a Revolução Industrial, e deixando filosofias comunicativas um pouco de lado (afinal, moda e rock equalizam quase sempre liberdade e rebeldia) destaco singelamente o amigo Márvio, da carioca e subglam (sic) Cabaret, ao me lembrar de que “no fim, o visual é importante porque o rock é uma ópera jovem. Não basta a música”. E temos dito.

5 comentários:

Anônimo disse...

uau. moda nas palavras, haja visto. bom ver o blog de padam! atualizado.

Anônimo disse...

o rítmo de seus textos é único. q prazer a leitura. rá!

Anônimo disse...

Mademoiselle Babi, estamos de volta aos vivos, confira o meu novo blog. Beijos.

Anônimo disse...

Dona Bárbara, você tem que escrever mais. Se surgir algum convite para colaborar em revistas (online ou impressas), aceite!
--> Adilson Pereira

Anônimo disse...

ler todo o blog, muito bom