quinta-feira, 20 de setembro de 2007

jambolando

e lá se vai o tempo em que eu recebia bandas ou decorava arenas apenas.

de longe, acompanhei sussurros de um tal de jambolada nascendo no meio de uma cidade mineira interiorana. interiorana? uberlândia é cosmopolita ainda que carregue o status de bicho grilo a cada esquina: o único shopping da cidade abriga uma bela loja de nada além do que chinelos de dedo. e é por essa uberlândia-bicho-grilo que me enveredo levando PADAM na mala, além de produtos representativos das ações do Instituto Espaço Cubo e Volume. sim, a cena aqui deu mãos ao nascimento de uma representação maior da cena de lá, há dois anos atrás, e assim vamos.

minas é famosa por suas belas garotas e povo dimais de bão. em tempos corridos de festival creio que isso seja o de menos quando em backstage: o negócio aqui é fazer tudo rolar como planejado e lidar com os imprevistos que surgem e assim o acolhimento aos estrangeiros vem como adendo especial em diminutivo, nos bastantim. a van para a arena sai na hora. uêba. eu e minhas roomates (eline-monstro/abrafin e adriana-roling-stones) pegamos a primeira. ansiedade? quem sabe. mais para bater ponto e relaxar quando a primeira banda entrar em palco.


poisé, o palco. a arena do jambolada atendia pelo nome de "acrópole" muito bem planejada. o espaço para shows é climatizado e ainda recebe uma área vip para os convidados da imprensa, produtores e bandas. afinal, do backstage nada se vê além de belos camarins. na área aberta, espaço de sobra para o público se espalhar, nos dois dias de acrópole o festival recebeu cerca de sete mil pessoas. e foi nessa mesma área que encontrei selos, representantes parceiros do projeto e algumas várias marcas alternativas de moda. uberlândia tem uma faculdade de moda que, ainda que particular, parece gerar bons frutos. um destes, a GOMA (foto), distribuiu durante o segundo dia de festival folhetos de divulgação de um novo espaço cultural na cidade, com loja, bar e café, além de espaço para shows "com os mais importantes nomes da nova cena cultural local e brasileira, em articulação nacional com o Circuito Fora do Eixo". bacana. a marca trabalha customização em patchwork além de revender outras grifes e logo logo a gente sabe mais sobre a GOMA aqui.

não teve jeito: em tempos de web 2.0 e distribuição virtual de música, camisetas de bandas saem mais do que cedês das banquinhas muito bem montadas na área central da arena. enquanto isso, no palco do festival, entre bandas mineiras destilando misturas brasileiras e surf music, a Dead Lovers Twisted Heart de belzonte me arranca do meu QG padamístico no segundo dia. o quarteto trabalha muito bem exageros do folk americano nada bonitinho e carrega os mais noventistas direto pelas guitarras sonic youthianas de músicas como No More Dramas. sim, o repertório é todo em inglês. mais? o figurino de divulgação da banda, executado especialmente para, não esteve presente na noite jambolense mas o vocal forte e conciso e a baterista com seus belos óculos e cabelos sessentistas fecharam o pacote. abusos na indumentária da banda você encontra aqui e algumas canções aqui. preciso ainda citar daniel johnston?

comoção faz parte de festivais com grandes nomes na programação. não assisti a Tom Zé e suas argumentações em torno de um mesmo tema: sobre como aquietar um público rock. Nação Zumbi fechou as noites no acrópole confirmando seu status de maior banda nacional da atualidade, ainda que fique a incógnita sobre o poder da idéia de chico science que a banda carrega. e mesmo com o enorme atraso do primeiro dia, vanguart conseguiu segurar público e vender todos os cedês disponíveis na banca já que a edição da OutraCoisa no festival oferecia camisas da grife carioca Urbanóide como adendo para quem adquirisse o produto.





e segue o circuito fora do eixo. Los Porongas (foto) e Porcas Borboletas, candidatas a próximas coleções PADAM, já subiram ao palco levando a marca no peito em conjunto com o que lhes é de direito: platéia atenta, por vezes garganta gritando, por vezes corpo mechendo. Superguidis apresentou grande parte do novo trabalho da banda sulista, o show deles é sempre redondo e muito bem produzido e sim, a banda anda por novos caminhos mais tempestuosos-emotivos agora e confesso que o humor faz falta.

pela segunda vez consecutiva o Jambolada trabalha seu terceiro dia em conjunto com o Arte na Praça, evento mensal que rola na Praça Sérgio Pacheco com shows e feiras e aberto ao público. penso que precisamos de mais iniciativas assim. em meio ao calor uberlandense de seus 30 º, dá-lhe água e cerveja em busca de sombras. aqui, nada de bancas materializando selos e produtos: no meu caso o negócio era se despedir do festival e finalizar a distribuição pela cubo discos. sobe ao palco a terceira atração: o mineiro Makely Ka, já proferindo uma palestra sobre "os dois minutos anteriores ao último segundo", e em meio aos independentes surgem análises acerca do poder do bicho-grilo. vamos jogar sinuca? eu fico. sobe O Quarto Das Cinzas. Laya de branco, garota esperta ao sol, a platéia se aglutina para entender aonde está a bateria ou quem executa os samplers. aplausos e ao fim pedidos de bis.

a pluralidade de informações e estilos em festival independente fora do eixo é interessante de se ver. compartilhando o mesmo espaço com intuitos voltados a um mesmo tema, hard rockers de plantão dividem a última latinha de Sol com o tecladista de uma banda folk que, após o último gole de preparação, corre para o meio da poeira emergindo do público animado do Móveis Coloniais de Acaju. atrás do palco, com vista privilegiada, pode-se ver a praça agora marrom e gritante, além da bela coreografia não planejada dos brasilienses.

em um atravessar de rua encontro Talles, um dos produtores do evento, a correr sorriso aberto. "é muito bom ter vocês poraqui", num assalto. eu devolvo a frase, prometemos nos encontrar ainda, retorno em direção à praça e é sorriso para todos os lados, enfim. eu já acompanhei uma terceira edição de festival em hell city, imagino então que agora deve-se investir em alguma máxima que se aplique ao sucesso do número três. claro, sem deixar de fora o borbulhante processo em que se encontra nossa cena nacional indie. mas isso já é tema pra outra postagem.

3 comentários:

Anônimo disse...

uma mala e uma estrada
;)

Unknown disse...

O melhor é perceber as banda também pelo apelo estético das roupas. E dos óculos.
Bom demais sse festivalzin.
Dewis,

Anônimo disse...

Certo!